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13.4.20

Madrugada e Meia – A Viúva Negra


Capitulo 4 


Desde cedo meus olhos verdes me rendem belos elogios, minha mãe era muito pobre e meu pai nem cheguei a conhecer. Com 12 anos, eu fiquei aos cuidados de Madame Beatriz, uma senhora que ia todos os anos em nossa cidadezinha e nessas idas e vindas, comprava alguma propriedade, havia muitos rumores que ela era rica, então sem muitas esperanças de futuro, minha mãe resolveu me deixar aos cuidados dela, acreditando garantir um futuro para mim.
Madame Beatriz me levou para sua casa que era enorme, linda, com vários quartos e tinha muitas meninas por lá, era uma manhã de sábado encantadora, essa casa ficava na Serra entre Santos e São Paulo bem no meio do mato, seu único acesso era pela Via Anchieta, depois eram estradas de terra batida serra adentro.
Nos primeiros dias, fui tratada como uma princesa, todas as meninas que moravam ali foram amáveis comigo, menos Izabel que, ao me ver, me encarou fundo nos olhos e exclamou que eles seriam minha própria maldição, meu corpo ia ser tragado num gole só na primeira noite, eu para ela era fraca. Mas não entendi o motivo de tanta raiva, afinal, havia acabado de chegar naquela pousada, as meninas disseram que ela era assim mesmo e que estava somente com ciúmes por deixar de ser a mais nova, a xodó da Dona Beatriz. Passei 3 dias de princesa para ter a pior noite de toda minha vida, nesse dia logo pela manhã, o clima de euforia em algumas garotas e o olhar triste de outras anunciava o que seria a famosa: “chegada dos bacanas”. De noite, todas nós nos arrumamos, nos perfumamos e eu vivi a ilusão de que seria uma simples festa. Eu não sabia que aquela seria a noite da minha iniciação, não sabia também que aquilo era um prostíbulo e eu era a mais nova aquisição da Madame Beatriz. Eu fui vendida a um velho gordo que fedia a estrume, ele tentou me beijar e por várias vezes neguei. Então, Madame Beatriz me chamou de canto e me deu um tapa no rosto, disse:
- Agora minha filha, agrade aquele homem, faça tudo o que ele desejar se você quiser comer daqui por diante, não será só ele, então seja rápida, enxugue as lágrimas desse rosto e faça o que eu mandei! Mal havia sentado novamente do lado daquele gordo nojento e ele me pegou pelo braço, me puxando com força, enquanto soltava gargalhadas e dizia:
- Vamos garota, eu não tenho a noite toda, vou te domar hoje!
Ele me levou para o quarto, me jogando na cama assim que entramos, ele tirou a camisa e gritou para eu tirar minha roupa, eu estava com muito medo e chorava muito enquanto ia me despindo até que, sem paciência, aquele porco começou a me bater. Enquanto estava em cima de mim, dizia várias coisas obscenas até que parei de resistir, então levei minha cabeça aos tempos em que vivi com minha mãe para me confortar mediante aquele horror. Passei quatro longos anos naquele lugar, aprendi tudo o que não presta e o que não deve ser feito, um dia, um dos meus clientes, um senhor peculiar, me pediu em casamento para Madame Beatriz e ela aceitou. Ele se chamava Jonas e tinha 89 anos, toda semana estava na Casa de Madame Beatriz e era o único que frequentava aquele lugar para não fazer sexo ou usar drogas, ele era viúvo e muito solitário. Ia até lá por causa da animação da casa. Eu o conheci no primeiro ano e nos tornamos amigos, ele pagava para que durante toda a madrugada apenas conversássemos. Naquela noite, fomos para São Paulo, ele morava sozinho em uma casa no Jardim Paulista, mas me deixou em um hotel dizendo que iria preparar o casamento, eu não acreditei de início, eu tinha uma sensação de que iria acabar em pesadelo esse sonho, porém, ele em dois dias, havia preparado tudo e eu estava subindo num altar. Eu pude casar porque madame Beatriz falsificou meus documentos para me trazer para São Paulo, tudo correu bem, o salão da festa, tudo maravilhoso. Durante essa festa, Izabel chegou e perguntou se naquela noite eu faria sexo com meu príncipe encantado, me dando dois comprimidos de forma sigilosa, eu então os coloquei na alça do vestido e retribuí com um sorriso safado, afinal, seria uma boa forma de agradecer aquele homem que me livrara dela e de todo aquele inferno. Um doce engano, eu coloquei um comprimido na taça de champanhe do Jonas e depois de uma comemoração super animada, fomos embora. Quando chegamos ao quarto, o comprimido começou a fazer efeito, ele estava todo animado, sinceramente, eu nunca havia feito daquela forma tão gostosa, a sutileza do amor que deu liberdade ao fogo e na madrugada um gozo intenso, na manhã seguinte ele estava morto. Um ataque cardíaco durante o sono fez com que ele me deixasse viúva com apenas 16 anos e eu sem saber o que fazer, chamei a polícia.
Os policiais descobriram que eu estava com documentos falsos e o comprimido de Viagra que ainda estava em meu vestido, me chamaram de aproveitadora, falavam a todo instante: - Viúva Negra, sua Viúva Negra. - Eles me levaram para a um centro correcional por falsidade ideológica e tentativa de homicídio, mas graças ao advogado do Estado que frequentava o salão da Beatriz, fui solta por um Habeas Corpus. Durante os primeiros três dias, ofereci meu corpo por dinheiro e no quarto dia, eu já havia garantido um mês de aluguel de uma casa pequena, saí para procurar emprego e consegui em um bar como atendente, tocava umas músicas estranhas e as pessoas eram esquisitas, mas gostei do lugar. Eu aluguei uma casa nos fundos desse bar, com o tempo eu me tornei conhecida por lá, todos os garotos queriam ficar comigo, alguns eu confesso que adorei ter em minha cama, outros nem tanto. Durante meu expediente, comecei a locar minha cama para alguns casais, gerando assim uma renda que dava para me manter, um dia durante o trabalho atendendo aos bêbados estranhos que frequentavam o bar, fui paquerada por um moreno alto que falava baixinho, tomava doses de tequila como se fosse água. Conversamos muito até que terminou meu expediente, saímos dali e fomos a outro barzinho, o qual pude compartilhar de algumas doses, ele falava sobre vários assuntos, mas meu interesse era em sua boca e como num passe de mágica, o cara apagou, caiu desmaiado em cima da mesa, eu tentei reanimá-lo, mas sem sucesso. Liguei de um orelhão para uma ambulância retirá-lo. Chegando ao hospital, ele foi encaminhado para uma sala com várias macas, apenas um rapaz estava tomando soro e dormia no canto, logo ele acordou e continuamos a conversar, parecia que nada tinha acontecido a ele, devido a minha precaução, ele não entrou em coma alcoólico. Em um determinado momento, o rapaz do fundo se levantou e foi se aproximando, quando chegou perto caiu no chão, então, eu com a ajuda o coloquei na maca ao lado. Pouco depois, caiu mais uma vez em sono profundo, então resolvi ir para casa, deixei meu endereço anotado junto a sua carteira e saí do hospital. Por ter sido acusada de roubo, tive que sair daquele emprego e por consequência, perdi a casa. Acabei passando algum tempo em pensões e hotéis, até que encontrei Izabel na rua, eu estava indo ao mercado comprar uma garrafa de vodca para aliviar o estresse, ela estava caminhando pela rua desnorteada e perdida. Conversamos um pouco e ela me contou que havia fugido da casa da Madame Beatriz e estava morando em uma casa na zona norte, ela não iria conseguir pagar o mês de aluguel e estava em desespero. Como que por obra do destino, eu decidi morar com ela, eu tinha uma grana guardada e não estava gostando de pular de canto em canto para dormir, foi daí que nasceu uma amizade forte entre nós, nos tornamos irmãs! Sempre saíamos para bares e festas, bebíamos juntas e aquilo realmente era muito divertido.


Um amigo de Izabel nos convidou para ir a uma festa onde haveria uma banda que iria tocar Sex Pistols e eu adorava, me arrumei inteira para aquela festa, estava inteiramente montada, pronta para uma noite de diversão. Na última hora, Izabel desistiu de ir, mas fui mesmo assim. O palco era imenso e o show estava lotado, era em um galpão que não tinha luz, todos estavam muito bêbados e foi no meio desses bêbados que encontrei o homem que mudaria minha vida.
Aquele era um tipo misterioso, mas familiar, ele chegou a mim e me chamou pelo nome. Não como todos que me chamavam de Viúva Negra, o que me fez dar a ele mais atenção do que devia, eu estava bêbada. Só por ele saber meu nome já ganhou carícias maliciosas e beijos no canto da boca, ele era bom de papo e conforme a conversa se fez durante o show, ele contou que era o cara do hospital e que naquele dia havia bebido todas. Eu estava muito bêbada e confesso que ele me agradou desde o primeiro momento, aí, dentro daquele galpão lotado de gente, nós fizemos o amor mais selvagem que conheci em minha vida, claramente não deixei que ele escapasse, eu tinha comigo a necessidade de ter alguém do lado, ainda mais alguém que era uma máquina de proporcionar prazer! Vivemos bem por alguns meses até que ele começou a ter medo que eu o matasse, todo o dia brigava muito comigo, resultando em marcas roxas em ambos, uma vez ele me deixou com os dois olhos roxos depois que quebrei uma garrafa de absinto em sua cabeça. Em outra situação, no meio de um barzinho, ele se enfiou no banheiro com duas piranhas atrevidas que viviam dando em cima dele, não pensei duas vezes, desci a lenha naquele infeliz traidor! Ele me deu um tapa na cara e saiu como sempre fazia em nossas brigas, sabe, virava de costas e saía andando sem falar uma palavra, depois de horas voltava, mas daquela vez foi estranho porque ele me olhou com lágrimas nos olhos, então senti que não mais o veria, mas devido ao nervosismo, eu estava desnorteada, sem reação e olhava pra ele se afastando, nisso um aperto no coração e um nó na garganta me fez desmoronar em choro e ir atrás dele, por mais estranho que fosse, por mais paranoico que ele se mostrasse, era um amor de pessoa, me realizava e eu não podia perdê-lo assim. Eu o segui por algumas quadras até que ele parou do nada, puxou uma faca pra mim e começou a gritar: - Sai de perto de mim, eu não quero morrer na sua mão! – eu fui me aproximando devagar, via claramente que ele não estava normal e então ele veio tentar desferir uma facada em minha barriga, sendo que eu apenas me afastei para o lado e ele caiu no chão, nisso, abaixei para retirar a faca de sua mão antes que ele se machucasse. Infelizmente, por ele se debater demais acabei ferindo seu rosto, aquele sangue jorrava de seu rosto, o que me causou um medo incontrolável. Escutei um barulho estranho e com medo de ser a polícia eu corri, desesperadamente corri sem destino e sem olhar para trás. Cheguei depois de algumas horas no barzinho onde estávamos com a mão ainda molhada de sangue, me tranquei no banheiro por alguns minutos e saí tentando disfarçar que nada tinha ocorrido entre eu e meu namorado. Logo chegou a notícia no bar, uma gang o havia esfaqueado e ele estava num hospital próximo. Decidi ir até lá e depois de algum tempo levando pontos, eu o levei para casa. Nós morávamos em uma casa invadida, sem móvel, apenas uma cama de casal e era aquilo que nós tínhamos, ele além de beber, usava muitas drogas e eu acabei pegando o mesmo gosto. Naquela semana que passou, nos internamos para tratarmos os vícios de álcool e drogas, eu não saí de casa, afinal, era ele que buscava tudo. Depois de seis dias vivendo a base da loucura, ele saiu em busca de mais cocaína e quando voltou, estava portando uma arma, era daquelas com o “tamborzinho” aparente, calibre 38. Parecia uma criança feliz, chegou e disse: pronto, agora eu começo a roubar e sairemos dessa dureza, veja quantas balas eu trouxe? Eu como nunca peguei em uma arma, quis ver como era senti-la na mão, o peso e o poder que ela passava, assim que ele me entregou, eu abri o tambor de maneira atrapalhada e fui retirando bala por bala, deixando apenas restar uma única. Para fechar, girei o tambor e segurei firmemente em direção a ele, o gatinho estava encaixado perfeitamente em meu dedo indicador então: “Click” apertei o gatilho por acidente, na hora pensei tê-lo matado e o susto fez com ele arrancasse de minha mão a arma. Naquele instante, ele apontou para minha cabeça e disse:
- Você gosta de fazer roleta russa? Vamos ver se gosta de fazer com a mira na sua cabeça? “Click, Click”
O suspiro foi inevitável ao ouvir dois sons da falha da arma e o desmaio se tornou inevitável, ao acordar ele não estava, sai para procurar e o encontrei no beco proximo de casa caído morto, ele levou um tiro na cabeça, na parte de trás, descartando suicídio como hipótese da morte. A imagem dele caído ao meu lado, ainda com os olhos abertos me olhando não sai da minha cabeça, a tristeza por dois amores mortos invadiu minha alma e fez com que eu me isolasse mais uma vez do mundo. Devido à televisão que fez do caso a notícia da semana, pesou ainda mais a dor que eu sentia. E graças à veiculação da notícia, Izabel novamente me procurou, dessa vez dizendo que pagaria as contas comigo, pois quando precisou de alguém, fui eu quem ajudou e ela devia retribuir naquele momento também. Aquela semana foi horrível, eu não queria sair da cama, chorava o tempo todo. Duvidei até que um dia seria feliz, mas chegado o final de semana, Izabel me convenceu que deveríamos sair para jogar bilhar, não vi problemas, afinal, nada de mal poderia acontecer numa partida, então nos dirigimos a um bar na rua de cima da casa onde Izabel morava. O jogo até foi tranquilo, porém, dois caras me seguraram pelos braços e me deitaram em cima da mesa, pensei na hora que se tratava de estupro, comecei a me debater, a chutar e a gritar, nessa hora, um cara se levantou e começou a socar os caras que me seguravam. Eu, em desespero, peguei uma garrafa que estava em cima da mesa e a quebrei na cabeça de um dos dois depois dele ter dado um soco no Johnny, com os cacos desfiei a barriga do outro que vinha com um pedaço de pau. A confusão se tornou inevitável, garrafas voando, cadeiras quebradas, gritaria e o sangue nas minhas mãos novamente. Uma faca que caiu das mãos de um deles acabou sendo enterrada no corpo de um de meus agressores. Eu não conseguia tirar os olhos daquele cara que me defendeu e lembrei do dia em que o vi pela primeira vez no hospital, há tanto não o via. E como ele estava forte e bonito, então a polícia chegou, claro que de todas as pessoas só ficamos eu e ele. Dentro da viatura depois de ter sido jogado desacordado, acabei colocando sua cabeça em meu colo, fazia carícias como se faz em uma criança, ele ficou aconchegado até que acordou. Pouco depois, fomos trancafiados em uma cela suja na delegacia, momento em que percebi que ele não me reconhecia, me perguntando o que havia acontecido. Em seu desespero, ele me acusou de ser uma assassina e eu o acalmei selando suas lástimas com um beijo, beijo esse que logo se tornou um incêndio, apagado com a figura de um policial que veio nos libertar. Saímos da delegacia de braços dados e ele estava todo animado dizendo que nunca tinha encontrado uma garota como eu, queria logo sair daquele chiqueiro para ir a um lugar mais tranquilo onde poderíamos continuar o que começamos na cela. Claro que a ideia era bem-vinda, já que desde a primeira vez que o encontrei ficou faltando algo.
Algumas ruas adiante, novamente encontramos aqueles caras, eram muitos. De alguma forma, eles queriam minha morte e eu não entendia o motivo, eu não sabia o que tinha feito para eles, então Johnny segurou forte em minha mão e a soltou, olhou no fundo dos meus olhos e murmurou: - confie em mim. Ele se virou para o grupo e me colocou como um troféu para a briga que estava prestes a começar, então do outro lado, junto com todos aqueles marmanjos, um magrelo de cabelo laranja e que era o único que falava, puxou do bolso uma faca, seria a mesma faca abrigada no corpo do cara no bar?

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